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As colônias de Portugal e Espanha nas Américas
são fruto do ímpeto expansionista dessas potências nos séculos 15 e 16,
quando intensificaram o ritmo de suas navegações. O modelo de colonização
dos dois países apresenta semelhanças, por exemplo, na forma como eles
promoveram a interação com populações indígenas e africanas, no contexto
das atividades econômicas e de seus objetivos de enriquecimento e expansão.
Essas similaridades ficam ainda mais claras quando se tem em mente que os
dois reinos passaram por uma aproximação forçada entre 1580 e 1640, na
União Ibérica, quando Portugal ficou sob jugo espanhol.
Assim, as histórias da América Latina e da
América Colonial não podem ser entendidas sem se considerar as semelhanças
e peculiaridades dos modelos português e espanhol de colonização. Esse é um
dos pontos de partida que guiou os historiadores Stuart Schwartz e James
Lockhart na elaboração do livro A América Latina na época colonial .
O primeiro, um brasilianista da Universidade de
Yale, e o segundo, um especialista em América Espanhola da Universidade da
Califórnia em Los Angeles (ambas nos EUA), retornaram aos séculos 15 e 16 a
fim de reconstituir a memória da colonização ibérica. O livro procura
realçar características culturais e políticas comuns entre as colônias de
Portugal e Espanha, mas sobretudo entender os movimentos coloniais como
processos interligados.
Em vez de tomar as Américas espanhola e
portuguesa como entidades distintas, os autores se apóiam principalmente
nas semelhanças entre ambas para explicar temas como relações comerciais e
produção açucareira, expansão pelos continentes, escravidão, organização
social e mecanismos de interação entre índios e europeus. O livro mostra,
por exemplo, como o modelo de casamento praticado em Portugal e na Espanha
no século 15 foi levado às colônias: eram os interesses políticos e
econômicos que estavam por trás dessa instituição no século 18 tanto no
Brasil quanto no México ou Peru, por exemplo.
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A Península Ibérica no século 16
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A América Latina na época colonial foi
lançado originalmente em inglês, em 1983, e depois republicado 19 vezes. O
livro é adotado em cursos de pós-graduação em História nos Estados Unidos, por
ser considerado uma das melhores sínteses sobre o assunto. Uma versão espanhola
data de 1990. Schwartz e Lockhart afirmam que a tradução para o português se
manteve fiel ao texto original. Os autores consideram a obra um produto de seu
tempo -- embora reconheçam que expectativas sobre temas como gênero,
sexualidade, infância e meio ambiente não tenham sido atendidas.
A obra de Schwartz e Lockhart apresenta linguagem
pouco rebuscada, que permite um ritmo de leitura agradável e envolvente. O
livro chamará a atenção não apenas de estudantes ou professores de História, mas
também daqueles que se interessam pelo vasto passado da América Latina."
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